A ANTROPOFAGIA SURREALISTA DE TARSILA DO AMARAL
‘Outro movimento, o antropofágico, resultou de um quadro que, a 11 de janeiro de 1928, pintei para presentear Oswald de Andrade que, diante daquela figura monstruosa de pés colossais, pesadamente apoiados na terra, chamou Raul Bopp para com ele repartir o seu espanto. Perante esse quadro, a que deram o nome de Abaporu-antropófago-resolveram criar um movimento artístico e literário radicado na terra brasileira.’ Oswald de Andrade, em várias entrevistas que concedeu até sua morte em 1954, fazia questão de ressaltar que o termo ‘antropofagia’ - como elemento unificador de uma série de reflexões que desenvolvia no final dos anos 30 - teria brotado do impacto que a pintura ‘bárbara’ de Tarsila do Amaral - no caso representada pela obra ‘Abaporu’ - exercera sobre ele. Muito se discute acerca do compromisso de Tarsila para com os ditames das proposições antropofágicas, que encontram no período de 1928 a 1930 o momento de suas mais decisivas formulações. Segundo palavras do próprio Oswald, a