BUGIOS E PAPAGAIOS: 12 NOVOS POEMAS





Prezados, Prezadas:


A partir de hoje, passarei a publicar neste blog escritos de minha autoria relacionados principalmente aos campos da Filosofia, Teologia, Lógica, Direito, Literatura, Pintura e Música. De antemão agradeço a visita e eventual leitura, o abraço cordial e amigo do


Luís Rodolfo

Obs.: As pinturas que acompanham o título do blog e esta postagem são da artista plástica Lucia de Souza Dantas.

BUGIOS E PAPAGAIOS


(I)

A cidade lembra léguas
infinitas de pastagens
rios cobertos de asfalto
horas virando fuligem

No sinal
cogito:
imbecis
ou
nefelibatas
-
cifrões
vão
destruir o mundo

querem sentir
frívolos
com faróis ululantes
o terror/tremor
pra crer

(II)

Vibram
metais que o piche oculta
nos subterrâneos
da cidade
onde coração
cessa
no freio do Fiat que
ringe
sugere
grito e alerta

(III)

Carro de boi
boi
muito manso
bicho
que encarno
em sonho
no trânsito

(IV)

Caipira que vem de longe
(alma partida em agosto)
respira agoniado
a idéia de cidade
dessa gente na calçada
onde o ‘pira vaga
negando a pressa

(V)

A pista número 1
conduz diretamente
à caverna de Trofônio
que afônico
esquece
no centro da cidade

A número 3
indica
menina linda
plena de sonhos com brisas
que recita
poema qualquer
dizendo versos
pela metade

Aquela
guardada na caixa
implicitamente
sugerida acima
anima
suspira
imita
sombra e cedilha

A que de repente surge
e explicita:
“A
distinto de A
para
todo B que afirme
~ A”
é pura
chatice

Na pista final
lê-se:
"Pergunte ao bufão
vestido de fraque
onde ela
reside"

(VI)

Amo mais a cada instante
alma do mundo vestida de vícios
sou quem não devo
ser pois escrevo
poemas sem beira
após a barbárie

(Com este que veio
prendê-la é o que viso)

(VII)

No prédio ao lado
todos os dias
lá pelas 21 horas
um sujeito
agarra seu violão
e vibra acordes tão raros
que rasgam o tempo
atingindo em cheio
todo desprezo

(VIII)

O poeta
por instantes
balbucia:
“Vida...estalo...rima”

O farol fechado
e ele atravessa
pé ante pé
a faixa de pedestres
que liga
seu canto à sarjeta
lugar comum
que enfim
aceita

(IX)

A esperança que carrego
é a cor
a flor
a luz em flor
aquela que brilha
à frente do leitor

(X)

Use o emplastro
pra costas tensas
ao se assustar
no centro da cidade
com a mula
com cabeça

(XI)

Amar e ser amado
a compaixão
reúne o dobrado
a música
segue visível
de colorido
transparente

Ivo viu o vazio
e canta em frente

(XII)

A máquina risca apaixonada
o céu
que ainda não veio

De aço não-corruptível
a invenção causa furor
entre letrados e parvos

Tecnologia
anos-luz
do que
não foi concebido
quando está
a pleno vapor
lança luzes
que vão do branco
ao mandracor

A máquina passeia nas horas
do presente
futuro
passado
e somente
deve ser pilotada
por humanos
com boa memória e

setenta e cinco anos
de horas de vôo
mais sucesso nas provas
de aptidões improváveis

Há quem queira desligar
para que não
prossiga a viagem que
segundo nota
publicada
logo amanhã
deverá recolher amostras de:

1 epifanice
7 macerontes
2 torminodoros
55 momorrengos

Comentários

Parreira disse…
Preciso dos momorrengos, mas apenas 12 são necessários.


Grande abraço, Rodolfo! Grande prazer reencontrá-lo após tanto tempo!
Unknown disse…
Quero uma colcha mandracor
Unknown disse…
A vida é grátis.
Viver custa caro?
Depende de qual vida.

Rodolfo, que bom receber seu e-mail!
Já estou te seguindo.
beijo,
Lia

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