Expulso da cidade retratada no diálogo “A República” (livro X), de Platão, o poeta do exílio retorna na condição de cidadão-poema que propõe, no lugar da politéia socrático-platônica - que é na verdade forma de organização política anti-republicana e proto-totalitária - a “transtopia” (lugar além e possível) da “República da Agoridade”, civitas de um céu sem dono, de poemas que produzidos com maestria e sensibilidade extremas retratam o evanescente e contingente para fazer primar a lira ou heraclitiana poesia. Entre flores e matizes diversos, Luiz Gonzaga da S. Neto nos arrebata com a força de uma escrita que deleita, comove e ensina que não é a República que forja o sujeito, mas o sujeito que fundamenta uma política pelo avesso, em que o retorno à natureza não é volta a um mítico “estado de natureza”, mas afirmação de uma forma de cidadania lírica em que o cidadão-poema – não Homero, nem mero poema, não ego, mas ergon - obra em devir permanente, é a própria physis . Neste sentido,